VIOLÊNCIA NA ESCOLA

Pense Nisso!!!

Pensando Bem, É Preciso Reciclar...

Viver bem, às vezes, é só uma questão de recomeçar, reaprender, reciclar.

Para que tudo tenha um novo impulso, ganhe uma nova luz.

Reciclar para imprimir novas palavras, novas experiências, novos sentimentos.

Avaliando erros para gerar acertos, mudando trajetos para entender os caminhos, olhando a vida, todo dia, com o coração novinho em folha.

Pensando bem, é esse o nosso papel, o que nos dá sentido.

Pois se fazendo como sempre foi feito a gente acaba chegando ao mesmo lugar, melhor então é rever, com clareza, o que verdadeiramente queremos, buscar sabedoria no que já fizemos e aí, então, realizar de outra maneira, fazer diferente, reinventar.

Crer para ver que há um poder impaciente por se revelar a quem não desiste, recria, vai em frente, buscando sempre, dentro de si, o melhor.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Violência Gratuita

Violência gratuita


Cada vez mais, pessoas são vítimas de humilhações e agressões covardes, em escolas e empresas

Ciça Vallerio (O Estado de São Paulo)

O termo “bullying”, que se refere ao ato de cometer violência física ou psicológica, é ainda confundido com uma simples “brincadeira infantil”. Esta má interpretação só ajuda a disseminar este tipo de violência, que, a cada ano, atinge um número maior de estudantes, conforme observa Cleo Fante, consultora educacional, pesquisadora desse assunto e vice-presidente do Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre Bullying Escolar, o Cemeobes, com sede em Brasília. Estima-se que, no Brasil, 45% dos estudantes estejam envolvidos em situações de bullying, problema que afeta qualquer classe social.

As características típicas dessa prática são: hostilizar um colega de sala de aula de forma repetitiva e planejada, manifestando preconceito e intolerância às diferenças; perseguir continuamente alguém até transformá-lo no “bode expiatório” da turma, agredindo-o por meio de apelidos jocosos, intimidação psicológica e física, e isolamento do convívio com os demais. Essas atitudes não se assemelham em nada a brincadeiras típicas da idade, as quais são pontuais e relacionam-se apenas à disputa por um brinquedo ou espaço, com xingamentos, mordidas, socos e ameaças passageiras.

“São poucos pais e professores que estão atentos ao problema e que têm noção da sua gravidade”, avisa Cleo, autora do livro Fenômeno Bullying: como Prevenir a Violência nas Escolas e Educar para a Paz (Editora Verus). “Os casos concentram-se no ensino fundamental, faixa etária em que os papéis começam a se consolidar. Nessa época de desenvolvimento emocional, sensorial, cognitivo e sócio-educacional, quem é vítima desses abusos pode introjetar características específicas quando adulto, assim como quem é autor das agressões. O fenômeno é destrutivo e não cessa com o fim da adolescência.”

Diante da dinâmica repetitiva de abusos, a vítima tende a se tornar agressor no futuro, como forma de vingança e revolta, levando a agressão para vários ambientes sociais, tais como a família, o trabalho e a vida pessoal. Em outros casos, a criança que não supera as humilhações durante os anos de escolaridade acaba desenvolvendo problemas psicológicos, tais como insegurança, complexo de inferioridade, estresse, depressão, fobias, entre outros, incluindo tendência suicida. Sentimentos que são levados à vida afetiva - causando, por exemplo, falta de confiança nos parceiros. No trabalho, a vítima pode apresentar dificuldades para resolver conflitos, tomar decisões e ter iniciativas, transformando-se, mais uma vez, presa fácil do assédio moral entre os colegas da empresa.

A pesquisadora lembra que agressores se munem do sofrimento das vítimas para ganhar popularidade na turma. Segundo Cleo, esse é o jeito que encontram para conquistar sucesso, fama e poder a qualquer preço. “Ignorá-los é dar espaço para o surgimento de possíveis tiranos, uma vez que são desprovidos de sentimentos como generosidade, solidariedade, afetividade e compaixão. Quando adultos, vários deles acabam praticando violência doméstica e sendo autores de assédio moral no trabalho, também conhecido por bullying. Outros adquirem propensão para se envolver na criminalidade.”

FÓRUM

Atentos à questão, orientadores educacionais do Colégio Santa Maria promovem aulas especiais, em todos os anos letivos, para tratar de bullying. Selma Pietro Colla cuida da turma do oitavo ano. “É um problema que vem se acentuando, infelizmente. Independentemente do sexo, o bullying aparece como forma de preconceito em qualquer idade ou classe social.”

A partir de observações e, raramente, de denúncias - já que as vítimas não têm coragem de se expor -, a orientadora educacional não deixa passar batido episódios de bullying na turma. “Chamo os alunos envolvidos e, se necessário, a família. Ao conversar com os pais, noto que, apesar de se posicionarem a favor da escola, o preconceito está presente entre eles também. É muito difícil um jovem ser preconceituoso sem um modelo forte dentro de casa, na família ou entre amigos. Em algumas situações, indico terapia à vítima, já que é o tipo de abuso que vai minando com a auto-estima e as defesas.”

Vítima de bullying, Fernando Coutinho, de 9 anos, aprendeu na marra a lidar “diplomaticamente” com seus algozes - uma turma que há anos o provoca com agressões físicas e morais, só porque o garoto usa óculos de grau alto. “No começo, sofria, agora até fico chateado, mas aprendi a não ligar tanto, a virar as costas e ir embora. Alguns me batem, aí aviso ao monitor, que faz a ficha deles, mas não adianta. Aviso à professora, que dá bronca, mas o grupinho continua. Eles me colocavam no gol só para acertar meus óculos com a bola, então parei de jogar.”

Por sorte, Fernando tem um bom respaldo em sua casa. A mãe, Tânia, sempre conversa com ele sobre o problema, mostra como é importante conhecer suas qualidades pessoais para não sucumbir às agressões dessas crianças cruéis. E se tem uma coisa que distingue Fernando - o que foi notado durante a conversa - é sua educação, inteligência, simpatia e coragem. Afinal, é raro alguém que sofre bullying mostrar o rosto em uma reportagem. “É duro para a gente, que é mãe, ver o filho sofrer tamanha brutalidade”, confessa Tânia. “Por várias vezes, ele voltou para casa chorando. Mas como ele é um garoto esperto, está aprendendo a ignorar as provocações e, ao contrário de muitos, não se intimida em denunciar essa turma de covardes.”

Na sociedade atual, repleta de falta de respeito ao próximo, intolerância e compaixão, bullying é o tipo de assunto que não vai se esgotar tão cedo. Recentemente foi lançado o livro infantil (o qual também serve para adultos) E se Fosse com Você? (Editora Melhoramentos). A autora Sandra Saruê, que é redatora publicitária, revela o problema por meio de uma história - muito parecida, aliás, com a do próprio Fernando.

“Como tenho dois filhos, passei a monitorar o que eles viam na internet e encontrei muitas comunidades no Orkut, criadas para difamar, perseguir e humilhar os colegas da escola”, revela a autora. “A partir daí, comecei a estudar sobre bullying e percebi que há pouca literatura que leva o tema às crianças. Descobri também que é o tipo de problema que demora para vir à tona, já que quem sofre reluta em pedir ajuda, e professores e pais custam a perceber.”

A própria escritora Sandra Saruê foi vítima de bullying, numa época em que não existia um termo específico para isso. Aos 12 anos, como era a gordinha e cheia de espinhas, recebia um monte de apelidos, ouvia piadas e vivia arrasada por ser discriminada pelas próprias amigas. Quando adulta, se encontrou com a turma numa dessas reuniões de escola: bonita e feliz com suas vidas profissional e pessoal, notou que, aquelas que a provocavam, estavam “acabadas”.

ORKUT

Usar mão da internet para agredir é a nova arma da garotada - ato que até ganhou o nome de cyberbullying. O assédio moral por meio da tecnologia é tão ou mais perverso do que o método “corpo-a-corpo”. O abuso adquire projeção ainda maior e se transforma num tormento público. O advogado Caio Eduardo de Aguirre, da Fialdini Advogados, foi consultado recentemente por um pai que, desesperado, tentava ajudar a filha de 12 anos, vítima da “gozação” via Orkut, em uma página criada por suas coleguinhas de escola.

“Ele queria tomar medidas judiciais contra as autoras das ofensas feitas à filha, como, por exemplo, comentários maldosos a respeito das características físicas da pré-adolescente”, conta Aguirre. “Expliquei que, por serem menores, não seria viável entrar com ação criminal. Ele também pensou em um eventual pedido de indenização aos pais das garotas, a fim de ressarcir os danos morais causados à filha. Mas o juiz provavelmente veria o problema como dissabores corriqueiros, aos quais todos estão submetidos, principalmente na infância. A única maneira que vi foi orientá-lo a entrar no próprio Orkut, que disponibiliza uma sessão de denúncia desse tipo de abuso, para tirar a página do ar.

Um comentário:

Música na Sala de Aula disse...

oi,
Muito bom este artigo! Tema pertinente para discussão!
bjus
Silsiane